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VIAGENS DE ANTONIO MIRANDA PELO BRASIL.
 

A NOVA REPÚBLICA - ELEIÇÃO DE TANCREDO NEVES

BRASÍLIA - 20-01-1985

 

Foi em um dia de chuva que fui ao Congresso Nacional fotografar a festa popular na eleição indireta de Tancredo indireta de Neves. Verde e amarelo, hino nacional, muitas bandeiras do Brasil, populares excitados pela emoção cívica, carnaval na rampa, gente escalando com faixas a abóboda do Senado, e  até uma imensa bandeira do PC adornava as plataformas do grande edifício.

O povo irmanado, cantava e exultava a consagração do velho político mineiro, discípulo de Getúlio Vargas e continuador da obra de Juscelino Kubitschek. O país inteiro parou para ouvir a votação, embora o resultado já fosse inevitável pela arrasadora preferência pelo nome dele. Fogos de artifício eclodiam no ar, gritos e abraços, entusiasmo contagiante.

Há muito tempo a nação não se irmanava em uma fé coletiva, em calor humano, em esperança e credibilidade!
Confesso que chorei quando ouvi o discurso do velho pessedista, agora apoiado pela Aliança Democrática. Chorei com os sentidos, não com a razão. Não deixei que a lógica, o raciocínio, o ascetismo próprio do intelectual tolhesse a minha sensibilidade. Verti-me em lágrimas, com o coração apertado e a garganta afogada, como quem recupera a liberdade, se derrama pelo espaço conquistado.

É o começo da Nova República, da transição democrática, das mudanças.  Para mim  que amava Juscelino, que apoiei Jango e queria um país mais humano, mais nacionalista, mais fruto e obra de nosso talento e criatividade, a eleição de Tancredo foi uma reconquista, a la recherche du temp perdue.
A Revolução foi um terrível pesadelo de 20 anos, uma Idade Média, um hiato. Agora sente-se a volta ao Brasil mais fraterno, já que sobre ele ainda persistirão vetos e limitações.
De repente uma chuva torrencial desabou sobre todos nós.

Fiquei encharcado da cabeça aos pés, sem aflição. Deixei-me ficar um bom tempo, deliciando-me com os pingos fortes e a água correndo pelo chão. Senti-me lavado e purificado, renascendo, desmistificando tudo, retomando um mundo que parecia inatingível. A Revolução intimidou, coagiu, tolheu a imaginação, o talento, a inteligência. Corrompeu os espíritos, amesquinhou almas e encarcerou os sonhos. Ficamos postados diante de autoridades ocas, distantes, coercitivas, prepotentes.  De repente esse mundo de autoritarismo começa a ruir, a desmoronar-se sem recorrer à repressão...

No dia seguinte, em um bar (“danceteria”  Amore Mio”) um grupo cantava o hino nacional, cheio de fé  e de regozijo!  Quem cantaria o hino pátrio, em semelhante circunstância, em tempos de Geisel ou do Médici? Hino nacional era usado nas greves e nas marchas de protesto, nunca em dias de júbilo. Os tempos são outros, mesmo que tardios.

Ainda em clima de festa é que volto à Chácara Irecê, na fronteira de Goiás. Vim escrever um discurso para uma autoridade do MEC e disfrutar dessa paz, do sossego e da felicidade desse período transitório, apesar da chuva, da inflação e de todos os problemas da vida que nos cabe viver.


 

 

 
 
 
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